junho 20, 2022
o suficiente
Gosto de escrever à mão — mesmo que as notas do Google Keep sejam mais ágeis ao memorizar alguma ideia enquanto tô na rua. Ainda assim, isso me faz amar o costume de escrever cartas, desenhar e registrar a vida sempre que posso. Desde sempre faço disso uma constante, algo bom para ver diante de mim o que eu senti primeiramente do lado de dentro. Então, folhear páginas enquanto escolho qual música vai me acompanhar é uma das bonitezas que param aqui (e ficam).
As fotografias de hoje surgiram semana passada. Publiquei uma delas lá no Instagram, seguida de um emoji de coração. Sem contexto, somente o coração. Por trás desse emoji tinha muito sentimento, aí a publicação de hoje pediu para estar no blog.
junho 10, 2022
celebrando junho
A lembrança mais antiga que tenho de comemorar aniversário começa em 1997 com a minha festinha de um ano.
Balões cor-de-cosa, bolo quadrado com os dizeres parabéns laryssa feitos em doces. Ao redor, crianças, todas da vizinhança, e os meus familiares mais próximos. As fotografias me fazem recordar perfeitamente de cada detalhe daquela sala que ainda existe. Depois disso, a ideia de comemorar aniversário não foi nada comum durante a minha vida. Em casa, substituímos a festinha por bolos raros e pontuais — o que sempre me fez amar saber que maio sairia de cena para o mês de junho começar.
Aproveito para agradecer a todo mundo que deixou amor por aqui e no Instagram <3 Dias antes de adoecer, fui criando uma playlist no Spotify prontinha a receber junho. Ela tem ficado muito especial (nesse momento, toca a canção 1996) e o meu presente e partilhá-la aqui também:
junho 01, 2022
aniversário
maio 27, 2022
as águas de Carla Madeira em "Tudo é rio"
perder amores é escurecer por dentro, uma memória do corpo que o entardecer evoca quando tinge o céu de vermelho. para quem está sozinho depois de ter amado, o fim do dia é muito triste
Assim, entre Dalva e Venâncio, o casal, também conhecemos Lucy, uma prostituta. É impossível não reparar na sua história, na solidão da sua vida e nas escolhas que ela precisou fazer. Lucy é essencial em “Tudo é rio”. Apontar para um puteiro e dialogar sobre os cheiros, as cores, falar sobre cada pessoa que ali está aponta sobre o que o livro quer, de fato, tratar. Um convite a reparar (bem) na vida que pulsa e nos sentimentos que cada um suporta carregar. Penso que esse é o grande ponto da história. O que conseguimos suportar em nome do amor? Será que algo passa despercebido em nome dele?
Carla nos surpreende outra vez respondendo a essas questões. Acredito que ela conseguiu mostrar que nada passa despercebido, pois tudo está guardado em nós. Não conseguimos anular, por completo, aquilo que nos feriu. Sentimos no corpo, no peito, na rotina. Eu falaria por horas sobre a problemática disso, em como, principalmente, nossos sentimentos flutuam feito rio (e não param). Em como, até para suportá-los, precisamos passar pelo desencontro e a incerteza. A obra de Carla não foge dessa comparação e vai visitando algumas faíscas de sentimentos que habitam em lugares de nós. Feito rio em nós.
<3